quinta-feira, 11 de abril de 2013

FORGAÇA, O HOMEM PROIBIDO



 Quando Forgaça chegava aos bordéis, sempre era uma grande apreensão entre as mulheres.  Muitas corriam... Para longe dele, amedrontadas. Aparentemente não havia nada de diferente dos outros homens que frequentavam  os prostíbulos. Tomava a sua bebida, comia alguns tira-gostos  e chamava uma daquelas mulheres para o prazer.
 Uma noite, quando Forgaça chegou ao bordel, não percebeu tanto alvoroço.  Foi recebido por  Xana, uma dessas mulheres fogosas,com mais de 15 anos de experiência e que, um homem só, era pouco. Então, ela  foi logo atendê-lo. Novata naquele prostíbulo, era seu primeiro dia,  e queria mostrar serviço na casa.
-- Boa noite, amorzinho!
Forgaça estranhou aquele gesto, pois sempre percebia, com sua chegada, um empurra-empurra entre as mulheres, mas mesmo assim a cumprimentou:
-- Boa noite!
-- Então, o que vai beber?
-- Uma cerveja bem geladinha!
Xana  virou-se e foi buscar a bebida; enquanto isso era acompanhada pelos olhos sedentos de Forgaça.
Após colocar a cerveja sobre a mesa, ela fez a pergunta de sempre:
-- Gostaria de acompanhante?
-- Com certeza! – Respondeu imediatamente.
Xana sentou-se à mesa e lá para as tantas da noite, Forgaça fez o convite,  e Xana aceitou. Os dois foram para o quarto.
-- Desligue a lâmpada, Xana!
Após desligar a lâmpada, Xana foi para cama; Forgaça já estava lá. Xana pegou  no membro  dele  e percebeu algo estranho. Deu um pulo de cima da cama e acendeu a lâmpada.
-- Meu Deus! 
Xana estranhou ao ver o que a natureza tinha propiciado a Gozola.
Forgaça não tinha percebido ainda que a lâmpada estava acesa. Quando escutou Xana falando de forma espantada, despertou-se do transe e tentou esconder o que cometia tanto espanto, entre as prostitutas, com o lençol.
-- Não precisa esconder,  Forgaça!
Ele, já acostumado com àquela situação, esperava que ela vestisse a roupa e fugisse como viu muitas fazendo assim.
Forgaça  tinha um pênis. Não, dois pênis. Bem, era um pênis que bifurcava  em “Y”, isso mesmo:  trinta centímetros cada um dos  pênis e espessura de 5cm cada membro. Era um pênis, do tipo jumento, com duas cabeças. Forgaça era um privilegiado, mas isso era o que espantava as mulheres, menos Xana.
-- Agora eu estou feita!
Para a alegria de Forgaça,  Xana pulou de volta para cima da cama e concluiu:
-- Agora é lá e lô de uma vez sóoooo!




Joerlândio Cordeiro

Para entender Fernando Pessoa


Álvaro de Campos, Alberto Caeiro, Ricardo Reis, Bernardo Soares ou Fernando Pessoa, ele mesmo? O professor universitário de Fernando Segolin fala do grande poeta da língua portuguesa

Fernando Segolin, 70 anos, é um dos mais respeitados especialistas de Fernando Pessoa dentro e fora do Brasil. Para este professor de Literatura e Crítica Literária da PUC-SP, a paixão começou aos 16 anos, no colégio, quando pela primeira vez leu um poema do poeta português - assinado pelo heterônimo Alberto Caeiro. "Fiquei impressionado com aquele à vontade da poesia de Caeiro, poesia simples, mas bastante intrigante no sentido de propor uma tese, a de não pensar, a de se livrar de toda e qualquer linguagem para assim chegar à verdade."

Caeiro era considerado mestre por todos os heterônimos de Pessoa, criador, por sua vez, de uma poesia revolucionária, na qual a presença de outros "eus" pode ser entendida como "... manifestações textuais por meio das quais o poeta procura concretizar suas múltiplas indagações com a realidade, o problema da existência, de sua razão de ser e de seu significado", realça Segolin. Assim, cada heterônimo ganhou uma identidade - e um jeito de pensar, sentir, reagir. "O signo poético de Pessoa é uma busca de novos caminhos que levam a surpreender paisagens até então insuspeitadas... Por força dessa inclinação experimentadora, a poesia de Pessoa é um gesto transgressor."

Autor de "Fernando Pessoa: poesia, transgressão e utopia", leitura fundamental para quem investiga o assunto, Fernando Segolin confessa que sonha vez por outra com o poeta português. "Sou um heterônimo dele com certeza... E o que Pessoa não viveu por meio dos heterônimos, digo que eu vivi."