sábado, 10 de outubro de 2015

Quando você tira 'xerox', qual sílaba é a tônica? Veja a resposta

Látex ou latex? Xérox ou xerox?

Temos aqui uma dupla de palavrinhas cuja pronúncia sempre gera confusão. Afinal, aquela substância extraída da seringueira se chama LÁTEX ou LATEX? E a fotocópia, é XÉROX ou XEROX?
Vamos começar pela primeira. A palavra que designa a matéria-prima da borracha é LÁTEX, com acento agudo no A, é paroxítona, ou seja, a sílaba mais forte é a penúltima: LÁ-tex. 
A forma "latex" não existe, não tem registro. 
LÁTEX também designa um tipo de tinta, usado em paredes.
Quanto a XÉROX ou XEROX, as duas pronúncias e duas formas de escrever são aceitas, fica a gosto do freguês. 
Essa palavra é um daquelas marcas que acabaram dando o nome ao produto, como gilete, cotonete, bombril etc. 
A pronúncia em inglês é paroxítona (e daí vem XÉROX), mas o produto ficou tão conhecido no Brasil que seu nome foi aportuguesado como oxítona (XEROX).

Foi diagnosticado com câncer?
Tem se tornado comum, em manchetes de jornais, internet e até na TV, frases como "Fulano FOI DIAGNOSTICADO com câncer".
Se você tivesse que relatar essa triste notícia a alguém, diria também que "Fulano foi diagnosticado"?
Bem, a verdade é que DIAGNOSTICADA É A DOENÇA, não a pessoa, por isso deveríamos evitar dizer que "Fulano foi diagnosticado".
Vamos olhar no dicionário? O que significa DIAGNOSTICAR? 
É fazer o diagnóstico DE UMA DOENÇA. DIAGNÓSTICO, por sua vez, é a arte de reconhecer A DOENÇA por seus sinais e sintomas.
Portanto, em vez de dizer que "Fulano foi diagnosticado com câncer", deveríamos dizer que "Fulano RECEBEU O DIAGNÓSTICO de câncer", ou então que "Fulano TEVE O CÂNCER DIAGNOSTICADO", ou ainda que "FOI DIAGNOSTICADO O CÂNCER de Fulano."
Não que seja errado dizer que "Fulano foi diagnosticado", mas é bom evitar.

MÚSICO tem feminino?
Como devemos nos referir a uma mulher que toca algum instrumento?
Claro, podemos nos basear no instrumento que ela toca. Se toca piano, é pianista, "A" pianista. Caso toque violão, é "A" violonista. 
Quando o profissional é homem, essa dúvida não existe, e nem precisamos saber que instrumento ele toca. Nós o chamamos de "O" músico, e está resolvido.
Mas dá para chamar a mulher instrumentista de... "A" música? Fica muito estranho, não fica? É capaz de alguém perguntar "que música?", "quem toca?"
Os dicionários permitem esse uso. Se procurarmos a palavra MÚSICA no dicionário, veremos que também é o feminino de músico.
Mas também podemos usar a forma "o músico" tanto para homens quanto para mulheres. 
Quando isso acontece, o substantivo é chamado de sobrecomum, isto é, um único gênero que serve aos dois sexos. Observe outros exemplos: a criança, a vítima, o indivíduo, etc.
 
Encarar de frente?
Sempre que alguém está em crise, um time de futebol em má fase, uma empresa com dificuldade para saldar os compromissos, lá vem a frase: "É preciso ENCARAR DE FRENTE os problemas" ou então "ENFRENTAR DE FRENTE os problemas".
O que há de errado nessa frase? Gramaticalmente, nada. Mas, cá entre nós, você conseguiria encarar alguma coisa ou alguém de lado? Ou de costas? E enfrentar? Essa então é terrível, pois ENFRENTAR já tem na origem a palavra FRENTE.
Isso é uma espécie de PLEONASMO. É a redundância, o excesso de palavras para dizer a mesma coisa.
Outro exemplo, bastante comum, é SORRISO NOS LÁBIOS. Às vezes, essas duas expressões vêm na mesma frase: "É preciso ENFRENTAR DE FRENTE os problemas, mantendo um SORRISO NOS LÁBIOS". Seria possível sorriso nas orelhas? 
Veja como ficaria a frase sem essas redundâncias: "É preciso enfrentar os problemas mantendo um sorriso."
Sentiu falta de alguma coisa? Nem eu.

Sérgio Nogueira

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