quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Escolas Literárias Brasileiras – Parnasianismo


Dando continuidade aos estudos de Literatura para o caderno de Linguagens e Códigos do Enem, abordaremos a escola literária do século XIX, o Parnasianismo, que teve seu marco inicial no Brasil em 1882, com a publicação de “Fanfarras” de Teófilo Dias.
É preciso ressaltar que diferentemente do Realismo e Naturalismo que abordam temas com crítica à realidade, o parnasianismo representou na poesia um retorno ao clássico, o princípio do belo na arte, a busca do equilíbrio e a perfeição do formal.
parnasianismoOs parnasianos acreditavam que a arte reside nela mesma e não no mundo exterior. Estudando as escolas literárias, percebe-se que o homem está sempre rompendo com o que considera ultrapassado e propondo algo “novo”. Esse “novo” tem algumas de suas características no Arcadismo. Em oposição à revolução romântica, formou-se na escola parnasiana novos valores artísticos, que desejavam restaurar a poesia clássica que os românticos rejeitaram.
O Movimento Parnasiano distancia-se da realidade e não tem como objetivo artístico tratar de problemas sociais e humanos e sim, alcançar a perfeição na sua construção: rimas, métrica, equilíbrio, imagens e vocabulário culto. Com referências a personagens da mitologia e o equilíbrio formal, o conteúdo dessa arte não passava de uma pintura artificial com o objetivo de ganhar prestígio entre as classes letradas da sociedade brasileira. A letra do Hino Nacional Brasileiro, escrita por Joaquim Osório Duque Estrada, segue o estilo parnasiano, o que justifica a presença de uma linguagem culta e inversões sintáticas, que dificulta a compreensão.

Principais características da poesia parnasiana

  • Quanto à forma: busca da perfeição formal, descrições, soneto, vocabulário culto.
  • Quanto ao conteúdo: objetivismo, racionalismo, apego ao tradicionalismo clássico, presença da mitologia greco-latina, universalismo, arte pela arte.

Principais autores e obras

  1. Olavo Bilac (Poesias-1888, Crônicas e novelas-1894, Crítica e fantasia-1904, Tratado de Versificação- 1910).
  2. Raimundo Correia (Primeiros Sonhos-1879, Sinfonias-1883, Poesias-1898).
  3. Alberto de Oliveira (Meridionais-1884, Céu, Terra e Mar- 1914, O culto da Forma na Poesia Brasileira-1916).

Análise de Questão Sobre Variações Linguísticas no Enem


Vimos que as variações linguísticas podem ocorrer por diversos fatores. Desta forma, é importante para o vestibulando em fase de preparo para o Enem conhecer e saber identificar estas modificações. Para demonstrar a atualidade do conteúdo, selecionamos uma questão do caderno de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias do Enem de 2014. A questão foi resolvida e comentada pela professora Margarida dos Santos Marques Moraes, que possui graduação e mestrado em Letras pela Universidade de São Paulo (USP).
Enem 2014 – Caderno Rosa – Questão 100
Óia eu aqui de novo xaxando
Óia eu aqui de novo para xaxar

Vou mostrar pr’esses cabras
Que eu ainda dou no couro
Isso é um desaforo
Que eu não posso levar
Que eu aqui de novo cantando
Que eu aqui de novo xaxando
Óia eu aqui de novo mostrando
Como se deve xaxar

Vem cá morena linda
Vestida de chita
Você é a mais bonita
Desse meu lugar
Vai, chama Maria, chama Luzia
Vai, chama Zabé, chama Raqué
Diz que eu tou aqui com alegria

BARROS, A. Óia eu aqui de novo. Disponível em: www.luizluagonzaga.mus.br. Acesso em: 5 maio 2013 (fragmento).
A letra da canção de Antônio de Barros manifesta aspectos do repertório linguístico e cultural do Brasil. O verso que singulariza uma forma característica do falar popular regional é:
a) “Isso é um desaforo”.
b) “Diz que eu tou aqui com alegria”.
c) “Vou mostrar pr’esses cabras”.
d) “Vai, chama Maria, chama Luzia”.
e) “Vem cá morena linda, vestida de chita”


RESOLUÇÃO E COMENTÁRIOS
Alternativa C
A letra da música remete ao universo nordestino já no início, quando menciona o xaxado, ritmo originário do interior de Pernambuco, cujo nome alguns estudiosos atribuem ao som do arrastar dos pés durante a execução da dança. Além disso, no verso transcrito na alternativa C, encontra-se o termo cabra, empregado na região como sinônimo de ‘indivíduo’.