sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Dia Nebuloso

Hoje acordei, mas preferia estar dormindo,
Talvez preferisse não mais ter acordado.
Não há mais  motivo para minha existência:
Enterrarei no lado frio do meu coração
Aquela que por tanto tempo amei.  
Jogarei flores e rosas perfumadas,
Jogarei jasmim -- o perfume do nosso amor.
Queria ter ido contigo,
Pois assim  ficaria ao teu lado,
Para sempre amar e sentir-me  amado.
Hoje é um dia nebuloso para nós,
Tenho que enterrar uma parte de mim.
Vai em paz, minha amada;  e eu, talvez, resistirei.
Dilacerada esta parte fica;  a outra se foi. 
Então o que fazer com  ela, senão enterrar?
Hoje é um dia nebuloso: fim do nosso eterno amor.

Joerlândio Cordeiro

Putrefação da humanização

Povoa na micose do meu cérebro
Pensamento pútrido sobre
A nefasta negra cruz;
O corvo que para o caixão seduz
Mesmo aquele que deseja viver.

Envolve o corpo de rama,
Cava na escura lama
Mais uma cova fria para
Outra orgia dos vermes
Que querem comer. 

Com a chegada do nutriente,
Os germes indiferentes
Enfeitam-se para o banquete;
Abastado ou desprovido  
O corpo enrijecido serve de deleite.

Porta cerrada, depois da entrada,
Cadáver de caixa fechada,
Aberto à navalha da fome;
Em carcaça tornar-se-á
Daquilo que foi homem.

Joerlândio Cordeiro