quarta-feira, 31 de maio de 2017

É Preciso Mais Esforço e Menas… Ops! MENOS Preguiça!


Quando se fala em concordância nominal, algumas situações causam dúvidas frequentemente. A palavra MENOS é uma delas. Vamos nos debruçar um pouco sobre o caso.
É bastante comum ouvirmos a expressão que ‘quase’ empreguei no título, “menos preguiça”. Isso talvez ocorra por causa da regra geral de concordância nominal, que preconiza que os nomes devem concordar (substantivos, adjetivos, numerais, artigos e pronomes) em gênero e número.
A palavra menos tem sua origem na palavra latina minus. Em português pode ser um advérbio, um pronome indefinido, um substantivo comum masculino ou uma preposição. Ela aparece correntemente também diversas expressões, com uma significação abrangente, como em: a menos de, a menos que, mais ou menos, pelo menos, quando menos, sem mais nem menos, entre outras.
Ela, porém, foge dessa regra de concordância por alguns motivos. Quando empregada dando a noção de intensidade, ela é advérbio, e, por essa razão, é invariável:
  • Estudamos menos do que o necessário. (advérbio de intensidade que modifica o verbo estudamos)
Para fazer referência a algo em menor número, em menor quantidade, numa posição inferior, ela funciona como pronome indefinido. Então deveria fazer concordância, certo? Não! Nesse caso também uma palavra uniforme e invariável, ou seja, não há flexão da mesma em gênero (masculino e feminino) e em número (singular e plural). Não existe desinência nominal de gênero, por isso não existe o que alterar! O emprego adequado será, então, menos provas, menos livros, menos cadeiras.
Confusão semelhante acontece com a palavra meio. Essa palavra pode ter as duas flexões (gênero e número) ou não. Como assim? Bem, meio pode ser numeral (equivalente a “metade”) e, nesse caso, seguirá a regra geral de concordância nominal: com um substantivo feminino, teremos as formas meia/meias:
  • Sobraram duas meias pizzas ontem, meia de calabresa e meia de muçarela.
E com um substantivo masculino, teremos meio/meios:
  • Sobraram dois meios bolos: meio de chocolate e meio de laranja.
Já no caso de meio funcionando como advérbio (com sentido de intensidade, igual a “um pouco”), como as demais palavras dessa classe, ele será invariável:
  • As alunas estão meio cansadas, mas depois do fim de semana estarão bem.
  • Infoenem

sexta-feira, 5 de maio de 2017

Enem – Mas Não Se Estuda Para Prova de Redação…


Como professora de Língua Portuguesa que ministra aulas de leitura, produção de texto e aspectos gramaticais, percebo uma diferença de desempenho entre as avaliações de Português e de Redação. A impressão que tenho é que os meus alunos estudam muito mais para a primeira prova, na qual são cobrados conteúdos de interpretação de texto, gramática normativa e leitura de livros paradidáticos, por exemplo, do que para a segunda prova; inclusive, já ouvi alguns dizendo que não se estuda para uma avaliação de produção de texto, que não é necessário se preparar para uma prova de redação… Ledo engano, meus caros.
Seja para um teste de produção textual na escola, no Ensino Fundamental II e no Ensino Médio, seja para uma prova na graduação na qual o aluno deverá escrever uma resenha, um resumo ou um ensaio, seja para prestar um exame como qualquer vestibular ou o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), é preciso estudar.
Em relação aos estudantes que ainda estão nas escolas e aos alunos de cursinhos pré-vestibulares, tanto as apostilas quanto os livros didáticos de Língua Portuguesa ou de Linguagens abordam conteúdos relativos à escrita; no caso do Ensino Médio e dos cursos preparatórios há, inclusive, um indesejável estreitamento do currículo, decorrente de provas de redação como as do ENEM, por exemplo, que só exigem do candidato a escrita de uma dissertação-argumentativa. Há, até, livros didáticos e apostilas de redação ou de produção de texto especializados, ou seja, dedicados apenas a este tema.
Ao estudar para uma avaliação de redação, obviamente que ler e escrever os mais variados gêneros e tipos textuais é fundamental e de extrema importância, mas muitos alunos não mantém uma frequência e um ritmo adequados de escrita e não analisam textos.
Neste exato momento, estou trabalhando o gênero “crônica” com meus alunos do 8º ano do Ensino Fundamental: lemos várias crônicas nas apostilas e outras que levei como material extra, debatemos os temas abordados, respondemos exercícios de interpretação de texto, estudamos aspectos formais como estrutura composicional, estilo, temas e conteúdos, linguagens etc. e quando chega o dia da avaliação ou de fazer uma crônica, a maioria trava! Está certo que este é um gênero complexo de se ensinar, até porque os jovens não têm o costume de ler jornais e revistas, suportes nos quais as crônicas são publicadas, mas se eles analisassem os textos já lidos e procurassem outros para ler, sua compreensão se ampliaria.
A leitura de outras crônicas, artigos opinativos, editoriais, notícias, dissertações-argumentativas, cartas de diversos tipos, narrativas dos mais variados tipos, dentre outros, não tem a função de copiar estrutura, estilo, linguagem, frases prontas etc.; a leitura de outros textos do mesmo gênero ou tipo que você está estudando serve para analisá-los e para que você encontre os muitos modos de se escrever um mesmo gênero ou tipo, já que, no caso das crônicas, por exemplo, há crônicas subjetivas, reflexivas, objetivas, dentre outras, que variam em seus temas, linguagem, interlocução etc.

INFOENEM